Crítica | Aniquilação

O filme Aniquilação está dividindo opiniões e, antes mesmo de seu lançamento, já dividia expectativas. Muita gente ficou ansiosa pelo longa, afinal, é a adaptação do best seller escrito por Jeff VanderMeer, com direção e roteiro do cultuado Alex Garland (responsável por Ex Machina: Instinto artificial) e protagonizado pela ganhadora do Oscar Natalie Portman. Por outro lado, teve quem ficou com o pé atrás depois da decisão da Paramount de lançar Aniquilação apenas nos cinemas dos Estados Unidos, do Canadá e da China – no resto do mundo, o filme foi direto para a Netflix. Eu já assisti Aniquilação e é fácil entender porque o filme gerou tantas opiniões diferentes.

Da esq. para a dir.: Jennifer Jason Leigh (Dra. Ventress), Natalie Portman (Lena), Tuva Novotny (Cass Sheppard), Tessa Thompson (Josie Radek) e Gina Rodriguez (Anya Thorensen).

Na trama, uma expedição de cinco mulheres é enviada para tentar descobrir o que está acontecendo numa área secreta dos Estados Unidos. Uma dessas mulheres é a bióloga e ex-militar Lena, vivida por Natalie Portman. Seu marido, Kane (interpretado por Oscar Isaac), foi a única pessoa a entrar na tal área e sair com vida – embora ele não se lembre do que aconteceu lá dentro e apresente graves problemas de saúde.

No interior da tal área, que é delimitada por uma substância misteriosa chamada pelos militares de “Brilho”, as mulheres descobrem que animais e plantas estão passando por mutações contínuas. Essa condição torna a área intrigante, mas também muito perigosa.

Lena (Natalie Portman) analisa uma das criaturas que habitam o interior do “Brilho”.

Eu não posso falar muito sobre as tais mutações pra não tirar o impacto de quem vai assistir Aniquilação pela primeira vez, mas posso adiantar que o filme tem cenas surreais. Algumas são quase mágicas, como se tivessem saído de um conto de fadas, mas outras são assustadoras e até grotescas. O filme trafega entre a ficção científica psicológica e o terror, e os efeitos especiais são muito bons.

Acredito que uma característica de Aniquilação que tenha aborrecido alguns espectadores tenha sido o seu ritmo lento. A mim não incomodou, mas, pelo trailer, eu pensei que o filme teria mais momentos de ação, ao estilo do clássico Alien, o oitavo passageiro. Perto do final, há uma sequência importantíssima que é bem experimental, quando comparada aos padrões do cinema comercial. É um longo trecho sem diálogos, no qual a movimentação de Lena (e de um outro personagem) se assemelha muito a uma dança – embora não seja tão estilosa quanto os passos de Oscar Isaac e Sonoya Mizuno em Ex Machina.

Além do mistério que serve de base para a trama, Aniquilação aborda outros temas mais profundos: a pulsão de morte que move as personagens; o conceito de construção a partir da destruição; a questão da identidade e do papel do seres humanos no mundo. Esses temas não são simples, e fazem com que o espectador termine de ver o filme com mais dúvidas do que certezas.

De uma forma geral, eu achei Aniquilação um filme bom. Alex Garland não fez um trabalho tão surpreendente quanto Ex Machina: Instinto artificial, mas não decepcionou tanto quanto falam por aí.

Aniquilação não é o filme ideal pra você assistir com os amigos num domingo à tarde, tomando guaraná, comendo pipoca e dando risada. O longa exige um pouco mais de atenção e deixa várias questões em aberto. Mas é uma boa pedida pra você que gosta de uma ficção científica intrigante, que permite várias interpretações diferentes.

Aliás, eu ainda não li o livro Aniquilação, de Jeff VanderMeer, que serviu de base para o roteiro. Você já leu? O filme é tão diferente do livro quanto dizem? Conte pra mim nos comentários!

AVALIAÇÃO

3-estrelas-2

Imagens: Divulgação/Reprodução.

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